sábado, 23 de fevereiro de 2013

ALERTA VERMELHO PARA AS ABELHAS!!!!!!!

Alerta vermelho para as abelhas Inseticidas considerados prejudiciais pela União Europeia tiveram licença de uso prorrogada no Brasil até o final deste ano Da Redação Produtores de mel do Rio Grande do Sul estão preocupados com a safra de outono, que terá o seu auge de produção entre abril e maio, por conta do efeito dos inseticidas neonicotinoides sobre as populações de abelhas. O tema adquiriu atualidade graças a um estudo que a European Food Safety Authority (EFSA) divulgou recentemente sobre quatro produtos utilizados na Europa. Na avaliação de risco da EFSA, os pesquisadores europeus chamam a atenção que quatro desses inseticidas utilizados no controle de pragas sugadoras - a clotianidina e o imidaclopride, fabricados principalmente pela Bayer, e o tiametoxan, produzido pela Syngenta - representam riscos para as abelhas. França, Alemanha, Itália, entre outros países, já suspenderam a utilização desses inseticidas. Já o Brasil restringiu a utilização aérea, por meio de ação do Ibama, para reavaliar quatro princípios ativos: Imidacloprido (marca comercial conhecida 'Galeão'), Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil. Ao prever os prejuízos que poderiam ocorrer na safra 2012/13, Ibama e Mapa definiram que seriam abertas exceções para pulverizações aéreas nas culturas de soja, algodão, cana-de-açúcar, arroz e trigo por um período. De acordo com o coordenador-geral de Agrotóxicos do Mapa, Luís Eduardo Rangel, o prazo de tolerância deve durar até o final de 2013, quando haverá duas possibilidades: proibir novamente o uso de neonicotinoides ou que a Embrapa realize estudos capazes de mitigar o impacto dos produtos aos insetos benéficos na aplicação. De acordo com o professor de Apicultura da faculdade de Agronomia da Ufrgs Aroni Satler, no Brasil e Rio Grande do Sul já existem duas comprovações de mortandade de abelhas pela ação de neonicotinoides, sendo uma em São Paulo e outra no Rio Grande do Sul. Para conseguir essa comprovação, conforme Satler, o apicultor deve convocar um funcionário de um órgão oficial, como a Emater ou o Batalhão da Polícia Ambiental, colher cem gramas de abelhas mortas na sua presença, congelar e levar o material para um laboratório credenciado. Em 2012, segundo o professor da Ufrgs, o preço para analisar a contaminação era de R$ 200,00 por princípio ativo. Para esta safra de grãos, a cultura do arroz representa a maior ameaça, pois utiliza a aviação aérea, na qual a deriva de inseticida é maior. Por isso, Satler recomenda que os apicultores reforcem a estratégia de fortalecer as populações de abelhas neste período, pois o envenenamento enfraquece as colmeias. O que alegam as empresas Da avaliação de risco publicada pela Autoridade Europeia de Segurança dos Alimentos (EFSA), três dos quatro inseticidas neonicotinoides são da Bayer. Em nota, a empresa diz que está avaliando os relatórios publicados pela EFSA e que o principal consenso alcançado na avaliação da pesquisa científica nesta área é que o baixo nível de saúde das abelhas e as perdas de colônias são causados por vários fatores, entre eles o ácaro parasitário Varroa. A Syngenta, detentora do princípio ativo tiametoxan, avalia que o estudo foi conduzido de maneira apressada e limita-se a apontar riscos meramente teóricos. 'Anos de monitoramento em campo e muitos outros estudos, que demonstram a ausência de efeitos em colônias de abelhas situadas em locais onde se utilizou o produto, não foram considerados pela entidade', diz a empresa em nota. 'As condições de uso, clima e regiões de aplicação no Brasil diferem sensivelmente das da Europa. Portanto, o estudo não deve pautar a discussão sobre o tema no país.'

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

SEMENTES CRIOULAS

SEMENTES CRIOLAS: RESGATE DA SOBERANIA E PROMOÇÃO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA Na história das sementes, está também a história da humanidade. Com a descoberta da agricultura, as sementes passaram a fazer parte da vida dos povos, permitindo-os fixar moradia, uma vez que não havia mais necessidade das pessoas deslocarem-se em busca de alimentos, que passaram a vir das próprias sementes cultivadas. Tendo presente a importância das sementes, a Cáritas RS propõe uma reflexão sobre as Sementes Crioulas, isto é, as sementes desenvolvidas e adaptadas pelos camponeses, quilombolas e indígenas. Conhecer e resgatar suas variedades é muito importante para garantir a biodiversidade da espécie, possibilitando um reencontro dos povos com sua história, sua mística, sua religiosidade, sua cultura e seus valores. As sementes crioulas são derivadas dos cultivos tradicionais das espécies vegetais. São diversificadas, produzidas sem o uso de agroquímicos e não sofrem modificações genéticas em laboratório. Em cada lugar do mundo, existem diferentes variedades de sementes adaptadas às condições locais. Elas permitem formas de trabalho familiar e comunitário, que garantem autonomia do processo produtivo e soberania alimentar. Produzir com sementes crioulas permite-nos desenvolver um modelo de agricultura baseado na sustentabilidade, que deve levar em conta as dimensões social, política, ambiental, cultural, organizativa e econômica, articuladas entre si. Hoje, grandes empresas multinacionais usam as sementes como forma de poder e dominação, pois estão se apoderando das sementes nativas e mantendo bancos de geoplasma sob seu poder. Para a Cáritas, que acredita numa nova organização de sociedade, pautada por solidariedade e justiça, torna-se cada vez mais urgente resgatar as variedades de sementes crioulas, pois essa é uma das formas de reconstruir a soberania dos povos e defender a vida no planeta. A defesa das sementes crioulas é um símbolo da luta pelo direito à vida e à diversidade. Sementes crioulas são fontes de vida. Perdê-las significa perder a essência de vida!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Á G U A !!!!!!!!!!!!

Vocês sabiam que 2013 é o Ano Internacional de Cooperação pela Água? Para provocar o debate sobre esta questão neste espaço virtual posto aqui fragmentos de um artigo escrito por mim em 2012, com o título de "Água para todos: Uma meta para o milênio". "Recentemente, tivemos a notícia de que o mundo alcançou antes do prazo a meta e reduzir pela metade a quantidade de pessoas sem acesso à água potável. Conforme a pesquisa apresentada pela OMS e Unicef, na última década mais de dois bilhões de pessoas conseguiram acesso a fontes de água potável. Ao final de 2010, 89% da população mundial, 6,1 bilhões de homens e mulheres, haviam alcançado esse direito. Apesar dos índices positivos, vemos também que 783 milhões de pessoas continuam fora dessa porcentagem. Ainda mais alarmante, é a disparidade entre países e classes sociais. Na América Latina, 90% das pessoas têm acesso a fontes melhoradas de abastecimento de água, 31% a mais do que na África subsaariana. O grande desafio encontrado é garantir água de qualidade às regiões mais pobres e aos menos favorecidos. No Rio Grande do Sul, temos um cenário positivo: 98% da população urbana é abastecida por água tratada de qualidade. Além de uma extensa cobertura, possuímos a dádiva de contar com um precioso patrimônio da humanidade no nosso subterrâneo, o Aquífero Guarani. Porém, ainda assim, nos deparamos com as zonas mais necessitadas sofrendo com a falta deste bem. Quais as atitudes que tomaremos para tornar o acesso à água potável universal? Como indivíduos, podemos implementar atitudes responsáveis, evitando o desperdício e contribuindo com a destinação correta de nossos resíduos. Como poder público, devemos garantir políticas permanentes de investimentos e práticas sustentáveis. Como sociedade, necessitamos defender que o controle da água não seja submetido aos interesses do capital. A gestão desse bem está diretamente relacionada ao exercício da cidadania e à sobrevivência da humanidade no planeta"

Efeitos do GLIFOSATO.....

Segundo Andrés Carrasco, o estudo atesta o que outros cientistas também já confirmaram Do IHU* Reproduzido do Página 12 Há duas semanas, o professor de embriologia Andrés Carrasco denunciou no jornal Página/12 os efeitos devastadores do composto herbicida glifosato sobre os embriões humanos. Esperava uma reação, "mas não tão violenta": foi ameaçado, armaram uma campanha de desprestígio contra ele e até afirmaram que suas investigações não existiam. Nesta entrevista, Carrasco contesta e renova suas acusações contra as multinacionais químicas. A reportagem é de Darío Aranda, publicada no jornal Página/12, 03-05-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto. Ameaças Ameaças anônimas, campanha midiática de desprestígio e pressões políticas foram algumas das consequências de um duplo pecado: investigar os efeitos sanitários do modelo agropecuário e, mais grave ainda, se animar a difundi-los. No segundo piso da Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires (UBA), trabalha Andrés Carrasco, professor de embriologia, principal pesquisador do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas(Conicet) e diretor do Laboratório de Embriologia Molecular. Com 30 anos de trabalho científico e acadêmico, confirmou, há 20 dias, o efeito letal do glifosato em embriões, cuja marca comercial mais famosa é a Roundup, da multinacional Monsanto. Reação Ele sabia que viria uma réplica do setor, mas não esperava que fosse de um calibre tão alto. "Não descobri nada novo. Só confirmei o que outros cientistas descobriram", explica, em seu escritório pequeno e luminoso. Passaram-se duas semanas complexas, com uma campanha de desprestígio que ainda não terminou. Ele preferiu o silêncio e também avançar em novas provas. Até que colocaram em dúvida a existência da sua pesquisa. "Eles acham que podem sujar 30 anos de carreira facilmente. São hipócritas, capachos das corporações, mas têm medo. Sabem que não podem tapar o sol com a peneira. Há provas científicas, e, sobretudo, há centenas de povos que são a prova viva da emergência sanitária". Na Justiça Há 20 dias, quando o jornal Página/12 divulgou a sua pesquisa, nenhuma empresa nem meio de comunicação do setor retomou o tema. Mas, três dias depois, conheceu-se outro fato, inesperado: a Associação dos Advogados Ambientalistas apresentou um amparo judicial à Corte Suprema de Justiça, pelo qual solicitou a proibição de uso e venda até que os efeitos do produto na saúde e no ambiente sejam investigados. As empresas acenderam a luz amarela e começaram a divulgar comunicados, alarmadas pela possível queda de rentabilidade. Cinco dias depois, na segunda-feira, 20, o Ministério da Defesa proibiu a semeadura de soja em seus campos, fazendo eco ao efeito nocivo do agrotóxico. Foi um fato político inédito, uma pasta nacional alertou sobre os males dos agroquímicos. Nesse momento, empresas, câmaras do setor, meios de comunicação e operadores políticos declararam o alerta máximo. Nunca antes as multinacionais do agronegócio e seus porta-vozes haviam reagido tão violentamente. Durante toda a semana montaram uma campanha em defesa dos agrotóxicos e, ao mesmo tempo, de desprestígio às vozes críticas. O temor dos defensores dos agronegócios é a proibição de seu agrotóxico mais famoso, um dos químicos emblema do modelo agropecuário atual. Você esperava uma reação como a que ocorreu? Não. Foi uma reação violenta, desmedida e suja. Sobretudo porque não descobri nada novo, só confirmei algo a que outros haviam chegado por outros caminhos. Por isso, não entendo porque tanta agitação das empresas. É preciso lembrar que a origem do trabalho remonta a contatos com comunidades vítimas do uso de agrotóxicos. Elas são a prova mais irrefutável do que eu investiguei com um sistema e modelo experimental com o trabalho de 30 anos, e com o qual eu confirmei que o glifosato é devastador em embriões anfíbios. Mesmo em doses muito abaixo das usadas na agricultura, ocasiona diversas e numerosas deformações. Os resultados são extrapoláveis à saúde humana? Os modelos animais de vertebrados que hoje são usados na pesquisa embriológica têm a mecânica do desenvolvimento embrionário precoce e uma regulação genética comum. Os resultados devem ser considerados extrapoláveis quando um impacto externo os altera. O mundo científico sabe disso, e os funcionários dos ministérios também. Por isso, quando encontrei essas evidências, surgiram duas questões a serem resolvidas: como continuar a pesquisa para saber qual é a mecanística de um efeito que altera a forma normal do embrião, o que está em marcha. E a outra decisão era como dá-la a conhecer. Por que a difusão se transforma em um problema? Porque não há canais institucionais confiáveis que possam receptar pesquisas desse tipo, com poderosos interesses contrários. Então, a decisão pessoal foi torná-la pública, já que não existe razão de Estado, nem interesses econômicos das corporações que justifiquem o silêncio quando se trata da saúde pública. É preciso deixar claro: quando se tem um dado que só interessa a um círculo pequeno, podemos guardá-lo até que o tenhamos ajustado até o menor detalhe e canalizá-lo pelos meios para esse pequeno círculo. Mas quando demonstramos fatos que podem ter impacto na saúde pública, é obrigação dar-lhe uma difusão urgente e massiva. É uma prática comum difundir um avanço científico antes de ser publicado em uma revista científica? É algo totalmente comum. No país, há instituições que todos os dias difundem seus progressos científicos, que até possuem agentes de imprensa que difundem os avanços. Ninguém os questiona, e os meios de comunicação os replicam sem perguntar. Difundem progressos, sem papers, sem publicações, e está muito bem. Mas, claro, essas difusões não afetam interesses de grupos poderosos. Mas existe uma tensão no âmbito científico sobre quando dar a conhecer um avanço. A tensão é se a divulgação deveria esperar ser "aprovada" (reforço as aspas, porque é todo um tema à parte, que leva anos). Agora, se a pesquisa tem implicâncias além do acadêmico, se afeta a sociedade, o dilema moral é se eu a guardo até que termine o menor detalhe, e meu narcisismo esteja satisfeito, ou dou o alerta. Eu decidi dar o alerta e insisto que não é nada novo, há antecedentes claros como Robert Belle e Gilles-Eric Seralini, que fizeram estudos com outros modelos, publicados e com resultados mais importantes do que os meus. O que as instituições tinham que fazer em vez de me atacar, como está acontecendo com alguns funcionários e as empresas, é se informar e começar a trabalhar para remediar o ocorrido. As empresas e os meios de comunicação dos agronegócios defendem que não há estudos sérios. Há pesquisas em diversas partes do mundo, e são muito sérias, como as que eu acabo de mencionar. As empresas e seus jornalistas empregados desqualificam uma pesquisa, mas, ao mesmo tempo, não escutam a catarata de quadros médicos palpáveis nas zonas de soja. As províncias estão cheias de vítimas de agrotóxicos, mas os jornais não querem chegar aí, e muito menos as empresas responsáveis. Não entendo por que meu relato tem mais importância que o dasMães de Ituzaingó (bairro dos arredores de Córdoba, emblema da contaminação com agroquímicos). Os médicos das províncias estão denunciando há anos, os agricultores e os bairros urbanos também. E fica tudo silenciado. É uma evidência da realidade e é incontestável. Eu me inspirei nessa realidade, e os resultados são os conhecidos. As empresas do agronegócio, os meios de comunicação, o mundo científico e os dirigentes políticos são basicamente hipócritas com relação às consequências dos agrotóxicos, protestam e desqualificam uma simples pesquisa, mas não são capazes de observar as inumeráveis evidências médicas e reclamações em Santiago del Estero, Chaco, Entre Ríos, Córdoba e Santa Fe. Que outros trabalhos existem? Belle e Seralini na França. Também há trabalhos da Universidad Nacional del Litoral e de pesquisadores comoAlejandro Oliva, de Rosario, que contou com a colaboração do INTA [Instituto Nacional de Tecnología Agropecuária] e da Federación Agraria. Há estudos dos doutores Rodolfo Páramo (Santa Fe) e Darío Gianfelici (Entre Ríos). Não são muitos, mas existem, são sérios e estão disponíveis. Por que o setor científico não estuda? Porque não é em todo o mundo que há essa enorme quantidade de hectares com soja como ocorre na Argentina. Há quase 18 milhões de hectares. Do ponto de vista ecotoxicológico, o que acontece na Argentina é quase um experimento em massa. Tentou-se deslegitimar a sua pesquisa dizendo que a UBA e o Conicet não sabiam do seu trabalho. A UBA e o Conicet são organismos de gestão, não têm por que conhecer tudo o que eu faço ou o que todos os seus pesquisadores fazem. Está dentro de nossas faculdades definir as linhas de trabalho, investigar e dar a conhecer resultados. É a lógica da pesquisa. Por isso, eu não tenho que pedir autorização para iniciar uma ideia ou um tema novo, e eles não têm por que conhecer isso, porque a ciência não funciona com organismos fiscalizadores dos temas que escolhemos. Faz parte da liberdade acadêmica, nos movemos por hipóteses, perguntas e desenvolvemos pesquisas. Também se disse que o Conicet, como instituição, não assinou embaixo da minha pesquisa. E é verdade, porque eu não pedi isso, e ele não tem por que assiná-lo no marco de uma ideia nova dentro da amplitude de um projeto. É o que acontece em centenas de pesquisas que se realizam. Que fique claro: o Conicet não tem responsabilidade sobre as minhas decisões. É uma decisão pessoal, como corresponde, não institucional. E está dentro das minhas faculdades. Também não se requer autorização institucional para desenvolver pesquisas, mesmo que saibamos que algumas sofrem mais resistência do que outras. São públicos os convênios entre o Conicet e a mineradora Barrick Gold, e também com a Monsanto, com a qual até contavam com um prêmio de pesquisa conjunto ("Animarse a Emprender"). As pesquisas que podem ser críticas com esses setores são menos bem-vindas do que outras? (Sorri). Prefiro não responder. O senhor poderia investigar para a Monsanto? Sim. O Conicet e a UBA permitem. E mais, muitos cientistas trabalham há anos para empresas de biotecnologia sob a figura de assessor-consultor, pela qual o Conicet permite até 12 horas semanais que seus pesquisadores forneçam serviços ao setor público ou privado. Acusa-se a sua pesquisa de não estar validada em uma publicação científica. É uma artimanha barata, de quinta categoria, que só mostra o temor das empresas. No mundo científico, é sabido que a validação de um trabalho não se dá por sua publicação em uma revista do setor. E mais, os cientistas são testemunhas de erros e inclusive de fraudes que são publicados em revistas especializadas. Muitas vezes, publica-se algo e depois se demonstra que é errôneo. E, por outro lado, muitas vezes há investigações que não são publicadas não porque sejam ruins, mas porque a revista não se interessa, seja por linha editorial ou por interesses em jogo. Um exemplo pessoal: em 1984, descobrimos genes muito importantes para o desenvolvimento embrionário, genes Hox. Publiquei dois papers na Cell, uma das melhores revistas do mundo, e havia quem acreditava e quem não. Tiveram que passar anos para que a comunidade científica os validasse. O Laboratório de Embriologia é dependente do Conicet. Seu trabalho tem que ser validado pelo Conicet? Que fique claro, por favor: nem o Conicet, nem um comitê editorial validam pesquisas. O que eles fazem é avaliar a evidência que apresentamos e julgam a solidez a partir da apresentação. Eles não têm maneira de verificar os resultados de forma prática. A única certeza de uma validação se dá em que outros pesquisadores podem repetir de forma sistemática, e até aperfeiçoada, os resultados da investigação realizada. Quando vai compartilhar seu trabalho para colocá-lo em discussão na comunidade científica? Em breve. Devo terminar alguns ensaios e estará pronto. O que eu mais quero é passá-lo aos colegas, pesquisadores que repliquem o trabalho. De fato, já o compartilhei com pares do país e do exterior. Desde já, deviam ser estudos independentes, não os previstos pelas corporações ou espaços do Estado a seu serviço. A Monsanto poderá replicá-los? Se contratar pesquisadores idôneos, sim. Não tenho dúvida de que os tem, e todos sabemos a quais resultados chegarão. Como continuará a pesquisa? Já confirmamos as más-formações. Agora, estamos avançando em conhecer qual é o mecanismo de ação, é um passo a mais. Como é um trabalho científico, continuarei com o grau de liberdade acadêmica de que disponho, tentando ver quais são as causas mecanísticas e moleculares das observações feitas para publicar os resultados. Aparte do anfíbio que nos serve de modelo, estenderemos os experimentos a outros modelos de desenvolvimento embriológico, como aves. Pode acontecer que, com essas novas provas, os resultados difundidos – de más-formações – não se repitam? Não há como. Porque foram experimentos controlados, nos quais fomos rigorosos. E, além disso, porque já há evidência científica que vai nesse sentido. Por isso, insisto, não descobrimos nada novo. Eu cheguei a um resultado e acredito nele. Se a comunidade científica chegar a outra conclusão, bem-vinda seja. O centro do problema não deveria ser essa investigação. Seria querer tapar o sol com a peneira. Eu só trouxe um ponto a mais à discussão. Mas há setores que querem encerrá-la, nem sequer por convencimento ideológico, só por conveniência econômica. Acusa-se o seu trabalho de usar um método errôneo com o glifosato, e que, por isso, os resultados são devastadores: que as concentrações da experiência nunca são as que eventualmente um humano poderia receber ao ser aplicado no campo. Houve quem mencionasse que "se colocarmos gasolina no copo de leite, claro que ocasionará intoxicações, e nem por isso se proibirá o combustível". Esse tipo de afirmação tem várias facetas. Por um lado, mostra desconhecimento biológico, o que é entendível para quem não se dedica a esse ramo da ciência. Mas, na boca dos porta-vozes das corporações, também mostra uma intencionalidade distante da inocência, com intenções de desprestigiar uma estratégia de análise mundialmente aceita. Então, sim, me parece uma comparação pouco séria, maliciosa e hipócrita. É sabido, tanto na comunidade científica quanto no setor agropecuário, que a aspersão do herbicida afeta ecossistemas, operando direta ou indiretamente sobre insetos e outras espécies animais quando se colocam em contato com o herbicida. Ou seja, além de células vegetais, também afetam organismos compostos por células animais. Nossas experiências alertam que tanto o coquetel comercial como a droga pura em células animais geram alterações do desenvolvimento embrionário. Portanto, o glifosato dentro da célula embrionária altera o funcionamento celular, tal como ocorre nas células vegetais das ervas daninhas. Por outro lado, já está provado que os herbicidas se transladam pela ação do vento. É uma prova da realidade, incontestável, o padecimento de famílias de campos limítrofes ou de bairros próximos às fumigações. Portanto, o glifosato pode atravessar barreiras respiratórias ou placentárias e entrar nas células embrionárias, inclusive existem avanços científicos nessa direção, como também existem registros de glifosato e de seus possíveis metabolitos presentes em mulheres grávidas. Isso poderia se correlacionar com potenciais efeitos de má formação. Portanto, desentranhar se o glifosato puro injetado tem efeitos sobre o comportamento de células embrionárias animais durante o desenvolvimento era inevitável em uma estratégia experimental correta, e insisto que utilizei uma estratégia de análise clássica da pesquisa científica. Acredita que deve se proibir o glifosato? Em meu trabalho, eu não proponho isso. E não é da minha competência propor uma medida desse tipo. A única coisa que eu afirmo, respaldado em 30 anos de estudo na regulação genética embrionária, é que esse produto gera alterações no desenvolvimento, estou certo disso. Seus resultados não correspondem com a classificação do Senasa [Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria] ou as recomendações da Secretaria da Agricultura. É um claro problema deles, que o classificam como de baixa toxicidade. Todo o contrário do que os diversos estudos afirmam, que confirmam a alteração de mecanismos celulares e, sobretudo, contrário ao que as famílias de uma dezena de províncias padecem. É loucura pensar que não acontece nada. Dado seu trabalho no Ministério da Defesa, vincularam sua investigação a uma operação do governo contra as entidades patronais do campo. Nenhuma pessoa séria poderia pensar nessa possibilidade. Por um lado, ninguém com 30 anos de trabalho acadêmico colocaria em risco essa trajetória. Por outro, é um fato da realidade, o governo não pediu, não acredito que queria e nem possa proibir o glifosato. Alguns meios inventaram essa conspiração, uma jogada de má intenção. De fato, sofremos algumas pressões desde o centro do oficialismo. Por isso, ninguém pode me dizer que é uma operação do governo. Que funcionários o pressionaram? Prefiro, agora, não dar seus nomes. Além dos funcionários que impulsionaram e defendem os agronegócios – sobretudo na Secretaria da Agricultura –, existem altos funcionários ligados ao setor das biotecnologias e que impulsionam os agrocombustíveis, uma segunda "sojização". Não vou dar nomes. Mas, em vez do confronto ou da pressão, se deveria aprofundar os resultados, formar equipes interdisciplinares. A reação mais razoável, a mais científica, a mais humana teria sido essa, sobretudo se há um sinal de alerta sobre uma questão relacionada com a saúde humana. A reação lógica teria sido aprofundar as pesquisas, estudar a diferença entre biodegradabilidade e decomposição, as diferentes vias de penetração, revisar a normativa de uso e controlar os efeitos sobre a saúde humana de maneira sistemática. Mas se privilegiarmos os negócios, não avançaremos com novos estudos. * Instituto Humanitas Unisinos

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A L E R T A !!!!!

Os 10 alimentos mais contaminados por agrotóxicos Cartilha da ANVISA Um estudo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostra que muitos dos alimentos que a população consome estão contaminados. “São ingredientes ativos com elevado grau de toxicidade aguda comprovada e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer” segundo a ANVISA. O Projeto de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em alimentos, realizado pela ANVISA em conjunto com os órgãos de vigilância de 25 estados participantes, mais o Distrito Federal, analisou diversos legumes, frutas e vegetais para ver a quantidade de contaminação. Entre as amostragens analisadas, os alimentos que foram contaminados com uma freqüência maior foram: 1º-Pimentão 80,00% 2º-Uva 56,40% 3º-Pepino 54,80% 4º-Morango 50,80% 5º-Couve-Flor 44,20% 6º-Abacaxi 44,10% 7º-Mamão 38,80% 8º-Alface 38,40% 9º-Tomate 32,60% 10º-Beterraba 32,00%