quarta-feira, 7 de maio de 2014

TATU BOLA

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Pela conservação do mascote da Copa do Mundo e de seu habitat, pesquisadores propõem desafio à Fifa e ao governo brasileiro: mil hectares de Caatinga protegidos para cada gol marcado na competição.

Recife, 25 de abril de 2014 - A seleção do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), uma espécie tipicamente brasileira, como mascote oficial da Copa do Mundo Fifa 2014 é uma grande oportunidade para engajar os parceiros do maior evento esportivo do mundo em uma agenda efetiva de conservação. Entretanto, tanto o tatu-bola quanto seu habitat principal, a Caatinga do nordeste do Brasil, estão ameaçados e precisam de proteção.

Em um artigo que acaba de ser publicado na revista científica Biotropica, pesquisadores das Universidades Federais de Pernambuco (UFPE), do Vale do São Francisco (Univasf), da Paraíba (UFPB), do ICMBio e da Universidad Autônoma do México discutem o que os organizadores da competição deveriam fazer para que o seu mascote oficial possa ser beneficiado pelo tão falado legado da Copa.

“Estamos estimulando a Fifa e o governo brasileiro a incorporarem três ações conservacionistas concretas ao legado ambiental da Copa no Brasil: 1) expandir o sistema de parques e reservas na Caatinga; 2) honrar os investimentos prometidos para os “Parques da Copa”; e 3) acelerar a publicação do plano de ação para a conservação do tatu-bola” aponta Felipe Pimentel Lopes de Melo, um dos autores e professor da UFPE.

Ameaçada pelo desmatamento, pela caça e pastoreio excessivos, grandes extensões da Caatinga vêm desaparecendo rapidamente e a expansão da sua área protegida e a melhoria de seus parques e reservas é um desejo antigo de todos que se preocupam com este ecossistema genuinamente brasileiro. “Acreditamos que ainda há tempo para um grande gol ambiental e estamos provocando a Fifa e o governo brasileiro a estabelecerem uma meta ambiciosa: para cada gol marcado na Copa do Mundo, ao menos 1.000 hectares de Caatinga devem ser protegidos como parques e reservas”, explica Enrico Bernard, também da UFPE.

Ao ajudarem a retirar o tatu-bola da lista de espécies ameaçadas e ao comprometerem-se com a proteção da Caatinga, os pesquisadores esperam que a Fifa e o Governo Brasileiro pratiquem o fair play e marquem o melhor gol da Copa no Brasil. “Proteger o que resta da Caatinga é extremamente urgente. O futebol é o esporte mais popular do mundo e esperamos que toda a atenção da mídia nacional e internacional pela Copa nos ajude a espalhar esta mensagem de conservação. Queremos que a escolha do tatu-bola não seja apenas simbólica, mas que efetivamente contribua para a conservação desta espécie tão carismática e de seu ambiente”, afirma José Alves Siqueira, professor da Univasf e um dos maiores divulgadores da riqueza biológica da Caatinga.

Os pesquisadores esperam que o desafio seja aceito pela Fifa e pelo governo brasileiro, e que Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo e companhia façam o maior número de gols de uma Copa. Além de deixarem as torcidas em êxtase, seus gols contribuiriam para a conservação da biodiversidade brasileira.

Artigo: “Football and Biodiversity Conservation: FIFA and Brazil Can Still Hit a Green Goal”, Felipe P. Melo, Jose A. Siqueira, Braulio A. Santos, Orione Alvares-da-Silva, Gerardo Ceballos & Enrico Bernard. Biotropica DOI: 10.1111/btp.12114.

Acessos:http://biotropica.org/worldcuphttp://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/btp.12114/abstract

Contatos:Dr. Felipe Pimentel Melo – fplmelo@gmail.comDr. Enrico Bernard – enrico.bernard@ufpe.brDr. José Alves Siqueira – pcicjas@superig.com.br