quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Seminário

MATO GRANDE
No último seminário sobre a Reserva Biológica do Mato Grande, foi muito lamentada a ausência dos representantes da Votorantin, empresa que comprou parte das terras dentro da reserva e que se prontificou no seminário anterior na doação destas ao governo para regulamentação desta Unidade de Conservação (UC).
Na abertura do seminário, em pronunciamento do prefeito municipal, este defendeu a criação de um projeto com a participação de empresas empreendedoras dentro do município (Ex: Votorantin), para aquisição de capital para regulamentação da Rebio, argumentando que a longa luta do GEAN não obterá sucesso dentro de um sistema dependente de grandes investimentos empresariais, defendendo que dentro de um sistema capitalista, nenhuma luta vigora se não for aliada as classes empresariais. Estas por lei, devem aplicar parte de seu capital para a compensação ambiental (pelos impactos gerados por suas atividades) dentro de programas de proteção ambiental ou de projetos sociais dentro da comunidade envolvida. O vereador Oscar Schuster comentou que se cada município criasse sua reserva a exemplo da Rebio Mato Grande no município de Arroio Grande não haveria necessidade da criação das Reservas Legais propostas pela Lei Ambiental (muito questionada pela classe dos produtores rurais)...
A REBIO do MG já existe no papel, é uma Reserva Estadual que necessita ser regulamentada pela importância cada vez maior de sua proteção, já que este importante ecossistema que envolve as matas e banhados ao redor da Lagoa Mirim foi dizimado nas últimas décadas pela ampliação das áreas agrícolas. Portanto, concordo em parte da idéia proposta pelo prefeito, que se tenha que fazer projetos para que as verbas destinadas à preservação por parte das empresas investidoras em nosso município sejam investidas dentro do município, ou então que abranjam áreas pertencentes as micro-bacias alimentadoras do grande complexo estuário representado principalmente pela Lagoa Mirim e a Lagoa dos Patos, no qual estas empresas exercem suas funções. Defendo que a Votorantin siga comprando terras de importância de preservação para compensação ambiental em nosso município, mas em áreas externas a uma UC já existente (mesmo que não implantada). Imagine os banhados do Mundo Novo (Ponta Alegre) com uma placa de RPPN desta Empresa em seu interior, esta é uma área de extensos banhados e de grande importância ecológica por ser área de reprodução de muitas espécies nativas, desde aves até peixes, estes últimos de suprema importância para a atividade pesqueira da comunidade de Santa Izabel. Esta área foi extremamente reduzida em décadas passadas pela construção de diques para ampliação das lavouras de arroz, e ainda hoje, a exemplo da Rebio do Mato Grande, sofre impactos decorrentes de ações humanas, como o cultivo da tartaruguinha (Trachemys dorbignyi) e a conseqüente perseguição da fauna predadora dos seus respectivos ninhos, assim como a caça predatória ao ratão-do-banhado (Myocastor coypus) para o comércio ilegal de peles. Na região serrana em áreas que ainda são mantidas com remanescentes dos ecossistemas naturais (matas de encosta, matas ciliares) são também de extrema importância como áreas de preservação, portanto, imprescindíveis para a criação de RPPN’s por parte das empresas com atividades em AG.
Se a Votorantim investisse em áreas de importância ecológica sem interesse de marketing, expandiria a importância de seu investimento no município, pois ampliaria as áreas de UC deste. Ocasionaria um retorno bem maior no quesito preservação do que comprar terras dentro de UC existentes.
Continuo a favor dos 20% de Reservas Legais previstas na Lei Ambiental, não como um pedaço de cada propriedade onde em uma vista aérea representaria um tabuleiro de xadrez sem satisfazer a importância de preservação que se pretende, mas que cada município mapeasse as suas principais áreas de importância ecológica de preservação, assim como os corredores ecológicos interligando estas áreas. Talvez com o dinheiro proveniente dos impostos pagos pelos produtores rurais ou do capital proveniente das compensações ambientais. Quando há vontade política, tudo se resolve.
A REBIO do Mato Grande é apenas uma ilha no fator preservação, ela sozinha não resolverá os problemas ambientais de AG, é apenas uma célula de um organismo maior e que se funcionar isolada, perecerá sem integrar com o organismo maior. Portanto Senhor prefeito, sou parceria, e acho que também os demais integrantes do GEAN, em se criar um projeto que venha beneficiar efetivamente as soluções para os problemas ecológicos do nosso município. Quanto a REBIO do Mato Grande, vamos continuar pressionando o Estado pela sua implantação, e lutarmos paralelamente para que as demais áreas de importância ecológica existentes no município façam parte de um complexo que satisfaça realmente o conceito de preservação ambiental, aplicarmos nestas areas o capital empresarial que seria aplicado na REBIO do Mato Grande teria maior utilidade, basta um projeto que leve esta idéia avante, e para isto é preciso vontade política. Ou será que uma placa do governo municipal ou de uma Empresa de silvicultura teria mais importância de marketing dentro da REBIO do Mato Grande do que dentro de áreas menos conhecidas, mas de mesmo valor ecológico?
Se o ser humano, dependente do meio ambiente onde ele está incluído, soubesse dar valor ao ambiente de que tira seu sustento, não haveria esta necessidade urgente de criar Unidades de Conservação, assim como a criação das Reservas Legais. Infelizmente ainda não somos a tão sonhada espécie inteligente que pretendemos ser...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ilha de lixo

A ilha de lixo
O mar está cada vez mais poluído. Mas um projeto quer transformar sujeira em moradia
por Lorena Verli
No meio do oceano Pacífico, fica o maior lixão do mundo - são 4 milhões de toneladas de garrafas e embalagens, que foram empurradas para lá pelas correntes marítimas e formam um amontoado de 700 mil km2 (duas vezes o estado de São Paulo). Um desastre - mas que pode virar uma coisa boa. Uma empresa da Holanda quer coletar todo esse plástico e reciclá-lo para fazer uma ilha artificial, de aproximadamente 10 mil km2 (equivalente a uma cidade como Manaus) e capacidade para 500 mil habitantes. Ela teria casas, lojas, praias, áreas de lazer e plantações - tudo apoiado numa base de plásticoflutuante. Seus criadores acreditam que a ilha possa se tornar autossuficiente, produzindo a própria comida e energia. "Queremos levar o mínimo de coisas para a ilha. A principio, tudo será feito com o lixo que encontrarmos na área", diz o arquiteto Ramon Knoester. A cidade flutuante seria cortada por canais, para que as correntes oceânicas pudessem passar livremente (sem ameaçar a estabilidade da ilha).O projeto já recebeu o apoio do governo holandês, mas não tem data para começar - ninguém sabe quanto a obra custaria, nem se é viável. "A ilha não é economicamente rentável. Nós a vemos apenas como uma maneira de limpar a poluição causada pelo ser humano", diz Knoester. Enquanto isso não acontece, toda a matéria-prima que seria usada nesse em-preendimento continua boiando.
Lixão flutuanteComo é e onde fica a supermancha de lixo.Onde: Oceano Pacífico. O que tem: 4 milhões de toneladas de plásticoOrigem: 80% vêm dos continentes; 20% são jogados por navios.