sexta-feira, 17 de abril de 2015

Carata da Terra fará 15 anos em junho de 2015

Pare por um momento. Por apenas alguns minutos. Desligue de toda correria da sua vida. Das preocupações e ansiedades. Agora vá até seu quintal, até o jardim mais próximo ou a praça da esquina. Qualquer lugar que tenha verde - muito verde. Tire os sapatos e feche os olhos. Feche seus ouvidos para toda a loucura da cidade. Agora, sinta a grama e a terra sob seus pés descalços. Preste bem atenção e ouça o barulho do vento nas folhas das árvores. Respire fundo e perceba o odor das plantas. Esta é a Terra. Nossa casa. Ela tem sido nosso lar por milênios. Não importa se acreditamos no evolucionismo ou criacionismo, ela não faz distinção. Nos recebeu de braços abertos. Nos deu generosamente abrigo, alimento e proteção. A Terra nos oferece diariamente tudo o que ela tem de mais precioso: água, solo fértil, calor e paisagens naturais deslumbrantes. Todavia, gananciosos e prepotentes como somos, não demos devido valor a quem nos acolheu. Da Mãe Terra, fomos extraindo tudo o que pudemos - simplesmente para nosso conforto e satisfação pessoal. Poluímos o ar, sujamos a água, derrubamos suas florestas e praticamente esgotamos seus recursos naturais. Mas a Terra não resistiu a nossos maus-tratos. Nossa casa começou a dar sinais de que está doente. Foi então, na década de 70, quando a geração hippie tomou as ruas das cidades, que o movimento "paz e amor" iniciou uma reconexão com a natureza. Naquele tempo, foi celebrado pela primeira vez o Dia da Terra - Earth Day, em inglês. O ativismo ambiental começava a dar seus primeiros passos. Alguns anos mais tarde, em 1987, uma comissão internacional, liderada pela diplomata norueguesa Gro Harlem Brundtland (uma mulher visionária, muito a frente de seu tempo, que já havia sido ministra do meio ambiente e primeira-ministra daquele país), elaborou o relatório Nosso Futuro Comum. O documento se tornaria um marco, já que pela primeira vez na história, usava a expressão desenvolvimento sustentável, ao falar de como aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras satisfazerem as suas necessidades. Baseada neste relatório, as Nações Unidas recomendaram que fosse redigido um novo documento, que alertasse à população mundial sobre os desafios do século XXI rumo a um desenvolvimento mais justo e igualitário e, paralelamente, clamasse a atenção para a necessidade da conservação e proteção da riqueza e biodiversidade dos ecossistemas do planeta. O primeiro rascunho deste documento, que recebeu o nome de Carta da Terra, foi feito em 1992, durante a Conferência Rio92, realizada no Rio de Janeiro. Mas foi somente oito anos mais tarde, em 29 de junho de 2000, depois que milhares de pessoas do mundo todo - os povos da Terra - fossem ouvidas, que a versão final foi divulgada, na sede da Unesco, em Haia, na Holanda. A Carta da Terra não é um documento de burocratas. É um reconhecimento, um pedido de desculpas. Um compromisso poético para com o planeta Terra. É uma declaração de amor tardia. Ela nos mostra de maneira clara e contundente como precisamos agir se quisermos continuar morando aqui. Dela fazem parte mensagens sobre justiça social e econômica, cultura de paz, conservação ambiental, respeito ao diálogo e à vida em todas as suas formas (leia a Carta da Terra na íntegra aqui) Ao definir, na prática, o que seria o que sempre chamamos teoricamente de um mundo melhor, a Carta da Terra desenha com palavras como devemos mudar nosso comportamento como moradores do planeta. Após a publicação do texto, diversas organizações do mundo todo começaram a trabalhar com seu conteúdo. Muitas destas iniciativas são coordenadas pela organização internacional Earth Charter (este é o nome da Carta da Terra em inglês). No Brasil, a carta ganhou inclusive uma linda versão infantil, para que os pequenos habitantes do planeta aprendessem a cuidar de nossa grande casa e que está disponível no site Meu Planetinha, do Planeta Sustentável. Em 2009, as Nações Unidas declararam que no dia 22 de março seria celebrado o International Mother Earth Day. Para a ONU, o termo Mãe Terra reflete a interdependência que existe entre o ser humano, os outros seres vivos e o planeta onde todos nós habitamos. Nos permitimos perder a ligação com o que é mais vital e intrínseco à nossa existência. Nascemos na Terra e daqui partiremos. Nossa existência toda será em seu solo, em meio a suas águas e ao seu verde. Mas há tempo de despertar e a Carta da Terra nos proporciona esta oportunidade. Ela deve ser nosso livro de cabeceira, nosso guia, nosso ideal. Porque à Terra só temos a agradecer pela sua generosidade e compaixão com seus habitantes.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Segundo o artigo “Desvendando o Código Florestal Brasileiro” (numa tradução do título original em inglês) publicado recentemente na revista norte-americana Science, a nova legislação, aprovada em 2012, reduziu de forma expressiva as áreas que precisam ser restauradas no País, além de anistiar o desmatamento ilegal realizado até o ano de 2008. Desta forma, as atividades executadas pelo homem poderão comprometer o futuro das próximas gerações, uma vez que perímetros cada vez menores serão legalmente protegidos. Enquanto os desdobramentos dessa medida sugerem um futuro aumento de zonas verdes exploradas e vítimas de degradação, Cecília Vick, diretora executiva da GreenClick (startup que emite um Selo de Certificação Sustentável), alerta que “o plantio de árvores é uma das principais recomendações para combater o aquecimento global”, uma vez que tais vegetais duram aproximadamente 4,8 mil anos e cada unidade é responsável por retirar da atmosfera uma média de 12 quilos de dióxido de carbono (CO2) anualmente. Vick ressalta que o cultivo de árvores estabiliza o solo em regiões áridas, evitando que o vento leve os nutrientes da camada superior para outras localidades, algo que impede a ocorrência de processos de desertificação. A diretora da GreenClick destaca outro ponto importante, pois os territórios desmatados não têm potencial para absorver nem 10% da água da chuva, mas cada árvore pode reter algo em torno de 250 litros de água, minimizando o risco de enchentes. Com tantos benefícios oferecidos para combater os efeitos das mudanças climáticas, o plantio eleva a qualidade de vida das comunidades ao fornecer alimentos, fibras e resinas; vale lembrar que a proximidade de áreas verdes pode tornar as pessoas mais felizes. Da mesma forma, o cuidado com a natureza também favorece a existência das diferentes espécies de animais, garantindo uma atmosfera limpa, solos férteis e um ambiente mais agradável.