terça-feira, 10 de outubro de 2017

Cultivada por presos, horta da Penitenciária de Montenegro abastece entidades assistenciais do município


Trabalho prisional, inserção social e solidariedade: esta é a receita que vem gerando frutos, ou melhor, hortaliças, para diversas entidades assistenciais de Montenegro. Há quatro meses, cerca de 20 pessoas privadas de liberdade trabalham na horta da Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro e todos os produtos colhidos são doados.
São duas hortas. Na maior delas trabalham 14 homens do regime fechado. São 1,5 metro quadrado de área onde eles plantam alface, repolho, rúcula, beterraba, cebolinha, entre outros. Já na menor, trabalham cinco mulheres e são plantados também chás.
As sementes e as bandejas para sementeira são doadas pela Floricultura Strack, de Campo Bom. Mas, de acordo com a assistente social Ana Caroline Ferreira, ainda são necessárias mais doações, inclusive de chapéus e protetores solar.
Cerca de 20 apenados trabalham na horta da Penitenciária de Montenegro / Caroline Paiva/Susepe
A ideia da horta partiu do agente penitenciário Guilherme Almeida, que supervisiona e coordena o trabalho dos apenados. Segundo ele, o trabalho começou com a horta, na limpeza do mato que havia no local. Já o permacultor Paulo Roberto Lenhardt, da empresa Bio C, auxilia no plantio e no preparo da terra, doando adubos orgânicos. Os pesticidas utilizados são os “cravos de defunto”, flores naturais que espantam os insetos.
O apenado Ivo, de 61 anos, que já é agricultor, afirmou sempre ter sido ligado à agricultura, quando em liberdade. Ele trabalhou no artesanato, depois na cozinha geral do presídio, até ir para a horta. “Aqui é como se estivesse na rua, pois vamos para a horta pelo menos uma vez ao dia. Agora estou dando ainda mais valor para a agricultura”, disse. A ideia do detento é que, quando sair, consiga preparar uma grande horta para vender produtos e gerar renda.
Conforme a assistente social, todos os apenados foram selecionados por perfil, contemplando aqueles que já trabalharam na lavoura ou que não possuem muito tempo de condenação para cumprir. Além disso, eles recebem o direito à remição: a cada três dias de trabalho, diminui um da pena.

Os alimentos produzidos pelos apenados são doados a entidades assistenciais / Caroline Paiva/Susepe
Rede de solidariedade e doações
As atividades executadas na horta funcionam como uma rede de solidariedade, já que, além de oferecer trabalho aos presos, abastece diversas entidades assistenciais do município, que recebem todas as hortaliças colhidas. As entregas são feitas pelos servidores da penitenciária, às quartas e às sextas-feiras, e rendem de 10 a 20 caixas por semana.
Segundo a nutricionista do Lar dos Menores (que atende também a outras cinco creches), Cintia Rohr, a instituição recebe os produtos há cerca de dois meses e, com a doação, não é preciso comprar esse tipo de alimento. “Agradecemos muito o auxílio, porque, além de tudo, é um produto sem veneno, sem agrotóxico”, comentou.
Para a cozinheira responsável da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Montenegro, Maria Idalina Lopes, a iniciativa auxilia na alimentação de cerca de 160 alunos e pessoas que passam por atendimento clínico. “Recebemos doações, mas essa é a única de verduras e hortaliças. É muito bom, pois toda doação é bem vinda”, agradeceu.
A ação conta com o apoio da direção da casa prisional, por meio do diretor Loivo Machado e da vice-diretora Mariele Martins.
Texto: Caroline Paiva/Ascom Susepe
Edição: Sílvia Lago/Secom
Cultivada por presos, horta da Penitenciária de Montenegro abastece entidades assistenciais do município

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