quinta-feira, 27 de maio de 2010

Hoje é dia da Mata Atlântica

Do total de Mata Atlântica que havia no Brasil originalmente, restam, hoje, apenas 7,9% em áreas acima de 100 hectares e 11,4%, se considerarmos os fragmentos de floresta acima de três hectares. De acordo com o relatório apresentado ontem pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, essa quantidade continua a diminuir a cada ano.Às vésperas do Dia Nacional da Mata Atlântica, as duas entidades divulgaram dados parciais do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, referentes ao período de 2008 a 2010. O que se sabe, até agora, é que foram desmatados pelo menos 20.867 hectares de floresta, área equivalente à metade da cidade de Curitiba (PR), ainda assim, houve uma queda de 21% na taxa média anual, se comparado ao período de 2005 a 2008. O relatório avaliou 94.912.769 hectares e revela a atual situação de nove dos 17 estados que possuem resquícios da floresta – Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.Os estados que mais destruíram a cobertura vegetal são Minas Gerais, que desmatou 12.524 hectares, 15% a mais do que no período de 2005 a 2008; Paraná, que retirou 2.699 hectares de floresta, mas melhorou sua atuação em 19% em comparação ao período anterior; Santa Catarina, que apesar de ter eliminado 2.149 hectares, tem uma taxa de desmatamento 75% menor e o Rio Grande do Sul, que apesar de estar em 4º lugar no ranking de desmatadores, aumentou a destruição do bioma em 83%, passando de 1.039 hectares/ano de 2005 a 2008 para 1.897 hectares de 2008 a 2010.De acordo com o relatório, as principais causas para o desmatamento em Minas Gerais – os cinco municípios que mais desmataram são mineiros – são a expansão da agropecuária e a exploração do carvão vegetal para siderurgia.Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, observa que “os estados que eram os campeões de desmatamento, como é o caso do Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, estão deixando de ser os estados que mais desmatam”. Para ele, a Lei da Mata Atlântica, a regulamentação dos estados e um ganho na eficiência da fiscalização, além de maior atenção das ONGs ao assunto têm contribuído para isso.Márica Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, alerta que uma questão chave para a redução da destruição da floresta é a elaboração de planos diretores de zoneamento municipal, o que não ocorre na maior parte dos municípios brasileiros. Isso porque a região de Mata Atlântica no país abriga 112 milhões de pessoas, ou seja 65% da população total, em 3.222 cidades. “Temos que deixar de olhar para a floresta apenas como uma protetora da biodiversidade e passar a vê-la como um bem que atinge diretamente as pessoas, seja por meio dos recursos naturais, seja por meio dos serviços ambientais que presta”.A intenção é que, até o final do ano, os dados do bioma referentes aos 17 estados sejam apresentados em forma de um novo mapa da Mata Atlântica, batizado de “Mapa Zero”, que será entregue ao (à) novo(a) presidente da república e aos governos estaduais para que eles possam “monitorar o desempenho ao longo dos próximos anos, evitando novos desmatamentos, preservando as novas coberturas florestais nativas quanto criando novas áreas de conservação”.



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